***Texto originalmente publicado no Blog dos Números: http://tinyurl.com/2a44srf
Não me considero uma escritora e estou longe de ser poeta, mas como metida a tal que sou, tenho minhas manias. E uma delas é que antes de começar meus textos sempre procuro um título pra manter a linha do raciocínio e segui-lo. Geralmente (quase sempre), demoro um pouco a encontrá-lo, mas hoje não tive esse problema.
Não sei o porquê do pinto ficar feliz no lixo, tampouco sei quem é o autor da célebre frase. Só sei que caiu como uma luva para descrever o que estou sentindo agora. E permitam-me um chamego de filha boba, mas essa cheia de alegria que me afaga o coração neste instante, devo ao meu pai.
Escrevo e choro. Acordei triste neste domingo. A insônia bateu forte e ainda consegui dormir um pouco mais de 4h. Não era TPM, não morreu ninguém que eu amo, nem briguei. Mas a tristeza tem dessas coisas, muitas vezes ela chega sem avisar e toma conta da gente como se fosse nossa alma. Enfim, o sol deu o ar de sua graça, nem parecia dia de jogo do Santinha, e eu lá quietinha, só queria ficar na cama. Passei a manhã deitada com o controle remoto na mão, cochilando e acordando.
Eis que chega meu pai: “Bora, 2:30, olha a hora!” – respondi sem nem pensar:“Pode ir, não vou hoje.” – ele: “Que foi minha filha?” – “Estou triste pai, não quero.” – foi aí que ele disse: “Vamos com painho, também estou triste, são tantas as broncas, mas vamos ter essa alegria juntos, ou então mais uma tristeza que não vai mudar em nada.”
Levantei e chorei abraçada com meu pai. Corri, me arrumei em 15 minutos (algo raro) e seguimos pro Mundão. Rádio no pulso, totalmente sensibilizada e com muito medo de desencadear ainda mais a minha tristeza.
E como sempre, segue a rotina de dias de jogos, Rua das Moças, uma cervejinha pra acalmar os ânimos antes de entrar, algumas pessoas queridas no caminho e sociais do Arruda. Lá em cima, no mesmo cantinho de sempre, com as mesmas pessoas em volta. Como estar ali faz tudo mudar, é difícil até de explicar.
Torcida fazendo festa, uniforme novo, ouvido ligado em Aracaju e a minha primeira frase: “O jogo de lá é mais importante que esse daqui.” E começa o jogo. O time vai pra cima e segue perdendo inúmeras oportunidades de gol, aqueles problemas de sempre, bola quadrada, finalização péssima, meio sem criatividade e por aí vai... Mas, ao contrário do Confiança, que veio pro Arruda pra não perder, senti logo que o Potiguar veio pra vencer, afinal, a situação deles na tabela não era das melhores e parece que ainda rolou malinha do Confiança. Então, soltei mais essa: “Acho que vai dá certo, água mole em pedra dura tanto bate até que fura.” Ultimamente eu só conseguia pensar: "Quem não faz, leva!". Resolvi ser positiva. Até parece que não sabemos que com o Santa Cruz tudo tem que ser na dificuldade. E dessa vez não foi diferente.
Gol do Confiança e pênalti pra gente. Brasão cobrou nas mãos do goleiro e foi aí que começou o drama típico do Mais Querido. E como a tristeza já passou, vou pular essa parte sofrível, e principalmente, vou deletar o Brasão desse texto, no segundo tempo ele saiu do jogo, enfim, vamos esquecê-lo. Vaias no intervalo, 0x0 no Arruda, 1x0 Confiança e começa o 2° tempo.
Mais chances perdidas, o Potiguar também querendo. A torcida começou a ficar desconfiada e impaciente. Até que o CSA empata o jogo em Sergipe, comemorei como se fosse nosso gol, a torcida incendiou-se novamente e empurrou o time pra vitória. E o gol veio dos pés amarelos do Joélson, que não vinha bem no jogo, mas fez o que ele é pago pra fazer, colocou a bola nas redes. Algo que acredito que seja bem melhor que distribuir ingressos e perder penalidade. O jogo rolando, o tempo passando, o juiz colaborando (expulsou dois deles) e eu só pensava no CSA. E o gol da virada do time alagoano saiu nos descontos, no mesmo instante que o Elvis fazia de pênalti o nosso segundo tento.
Agora me respondam, tem como não chorar? Chorei. Dessa vez foi de alegria. Muita alegria. Como há tempos eu não sentia. Por isso quero agradecer a ele, meu pai, que me fez tricolor, que me ensinou o que é o amor, e que ontem não me deixou ficar na cama. Obrigada, pai!!! Amo você.
Vamos simbora pra Maceió. Sei que o Potiguar depois de dois jogos tão conturbados conosco vai facilitar a vida do Confiança, mas se o Santa Cruz não tiver a competência pra ao menos trazer 1 pontinho da capital de Alagoas eu desisto. Um empate classifica os dois, eles em primeiro, nós em segundo, e depois seguimos pra correr atrás do prejuízo.
É muito bom voltar a dizer: “Eu acredito!”.
Saudações Corais de quem está FELIZ QUE SÓ PINTO NO LIXO!!!